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O plano da RIM para se recuperar seria bom se ainda fosse 2009

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Em 2009, a Palm tentava se reinventar. Antiga líder entre os smartphones corporativos, ela não soube acompanhar a chegada, dois anos antes, dos smartphones com tela sensível a toque, liderados pelo iPhone. Durante a CES, lançou o Pre, um aparelho que tinha teclado físico e um sistema avançado, o webOS. Considerado o melhor novo produto da feira, o Pre criou a expectativa que a empresa, pioneira em computadores de mão (Palm foi sinônimo de handheld por anos), conseguiria se reerguer. Ledo engano. O Pre foi a melhorada que o paciente terminal dá antes de sucumbir à doença. O smartphone não vendeu como esperado, as ações caíram ainda mais e a Palm acabou comprada pela HP por US$ 1,2 bilhão. Fim da linha.

Quatro anos depois, o roteiro é muito parecido. Antiga líder entre os smartphones corporativos, a canadense Research in Motion (RIM) não soube responder à ascensão dos gadgets com tela sensível a toque. A estratégia de resposta foi sendo adiada, executivos passaram pelo cargo de CEO sem qualquer resposta contundente. De líder, a RIM passou a quarta colocada do setor, com apenas 9%. As ações despencaram junto – desde outubro de 2007, a empresa perdeu 87% do seu valor. O The Verge fez uma grande reportagem explicando esta queda – a leitura é recomendada. A grande diferença para a Palm é que, em nenhum momento, a RIM embasbacou alguém.

O plano de reação, finalmente revelado na quarta, começa com uma mudança de nome – a companhia abandona o RIM e passa a se chamar BlackBerry – e continua com um smartphone com tela sensível a toque, o Z10, e um novo sistema operacional, o BB10. Os testes publicados pela imprensa internacional são razoavelmente positivos, mas todos parecem repetir a mesma impressão: é bom, mas não é exageradamente melhor em nada que os rivais estabelecidos. O que faria alguém desistir de comprar um iPhone ou um Galaxy pelo Z10? Com visual semelhante, ferramentas semelhantes (algumas muito piores), preços muito parecido ao dos rivais e carência no número de aplicativos (70 mil no BB10 contra centenas de milhares para iOS e Android), é difícil dizer. A opinião não é minha: terminado o anúncio, as ações da empresas caíram 12,5% na Nasdaq. Hoje, abriram com queda de 7%. O mercado parece ter dado de ombros para o plano de Thorsten Heins, empossado como CEO há um ano.

“Hoje não é a linha de chegada. É a largada” para a BlackBerry, disse ele ao apresentar o Z10. O problema é que, enquanto a BlackBerry está largando agora, Apple e Samsung marcaram a pole, trocaram pneus, fizeram a melhor volta, estão bem no meio da corrida e já tem engenheiro preparando a garrafa de champagne para o pódio. A lentidão da gestão compartilhada entre os fundadores Jim Balsillie e Mike Lazaridis para responder às rivais é a principal inimiga de Heins, ainda que o produto pareça agradar. E isto até no mercado corporativo, base do império construído pela empresa. Lançado também na quarta, o Q10 tem como principal atração o teclado físico, marca registrada do BlackBerry. Será suficiente para fazer com que grandes empresas, forçadas a adotar iOS e Android com a demora da RIM, voltem atrás?

Os dois últimos anos já tinham sido medonhos. Em 2013, o plano assustou o mercado. Mudar o nome para BlackBerry não muda em nada algo: tal qual a Palm, a Research in Motion parece fadada a ver o sucesso só como um ponto estático no passado.


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